A consultoria McKinsey destacou o Brasil na sexta colocação entre os maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa do planeta. E a principal causa foi apontada nas ações de desmatamento ilegal. No entanto, segundo a consultoria, esse fato é também vantajoso quando se trata de controle de emissões no Brasil, até 2025. Isso em se tratando de poluição gerada pelos setores de transporte, indústria e energia, uma vez que as respostas para os dilemas do nosso país já são conhecidas, podendo ser empregadas prontamente.
O relatório recebeu o título de net Zero e apresenta possíveis cenários para serem aplicados ao controle de emissões no Brasil. São caminhos alternativos quando alcançarmos a despoluição. Mas, caso nada seja feito, estima-se que em 2050 o país sofra um aumento para 2,1 GtCO2.
Um cenário denominado “net zero” deve decidir um conjunto de questões capazes de neutralizar as emissões até 2050. O objetivo é chegar a 1 GtCO2 e com emissões compensadas por 1 GtCO2 e de absorção. O que se pretende alcançar é um limite para o aquecimento global neste século em 1,50 Celsius.
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Controle de emissões no Brasil – cooperação mútua
Para conquistar o net zero será preciso uma coordenação entre setores privado e público. E, no setor público, entre as principais iniciativas, está a regularização fundiária.
Essa medida foi citada pensando principalmente no combate à grilagem de terras. Trata-se de uma prática que induz ao desmatamento ilegal, que hoje, responde por 40% do desafio ao controle de emissões no Brasil.
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Controle de emissões no Brasil – 3% das emissões mundiais
Segundo o inventário de 2019, o Brasil lança 1,5 gigatoneladas de dióxido de carbono na atmosfera, correspondente a GtCO2 e. Esse valor significa 3% das emissões globais. Já, a China, é o país que mais emite, ou seja, responde por 12,1 GtCO2, o que equivale a um quarto do total emitido.
Na sequência, vem os Estados Unidos, com 5,8 GtCO2 e, a Índia, com 3,4 GtCO2 e, e a União Europeia com 3,3 GtCO2 e.
Se pensarmos em uma divisão de volume de emissões pela quantidade de habitantes, aqui, cada pessoa emite 6,9 toneladas de CO2 e. No entanto, tirando dessa conta o desmatamento ilegal, a mudança no uso da terra e o uso da terra, esse valor seria reduzido para 4,9 tCO2 e per capita. Entre os oito maiores emissores, a média fica em 9,5 tCO2 per capita.
O controle de emissões no Brasil precisa de agricultura regenerativa e de eliminação do desmatamento ilegal
Se quisermos atingir o net zero em 2030, teremos de reduzir o desmatamento para 97% durante esse intervalo. Apenas com essa medida, poderíamos impedir o lançamento de 1 bilhão de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera.
Entretanto, é preciso adotar outras formas para contribuir com o controle de emissões no Brasil. É possível praticar agricultura e pecuária de maneira mais sustentável, usar produtos biológicos em vez de defensivos químicos. Além disso, é fundamental aumentar a área coberta por agricultura regenerativa em 40 milhões de hectares. Assim, apenas com essa medida, é viável eliminar 0,4 GtCO2 e ao ano até 2050.
É necessário, ainda, de acordo com a McKinsey, investir em capacitação de pessoas e técnicas que permitam o desenvolvimento de um trabalho de economia verde. Um bom exemplo disso é o mercado de energia renovável no Brasil.
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A consultoria também cita o desenvolvimento de programas de capacitação e pesquisa que dão suporte a essa transição, como é o caso da Embrapa no agronegócio. Assim sendo, no total, os investimentos anuais terão de ficar na casa dos US$ 80 bilhões.
Portanto, para viabilizar a descarbonização da economia será preciso, ainda, adotar práticas sustentáveis de manejo pecuário. Nesse caso, é necessário contemplar formas de diminuir os efeitos da fermentação entérica dos animais, que respondem por 14% das emissões dos GEE. Ao mesmo tempo, será vital que outros segmentos procurem amenizar o aumento de emissões para ajudar a estratégia a funcionar.
Controle de emissões no Brasil e o mercado de crédito de carbono
Quanto ao mercado de crédito de carbono, o ganho de importância deverá ser ampliado. E, é fundamental a participação do setor público na aprovação de leis para que se forme um mercado regulado, além do mecanismo de rastreabilidade e controle de emissões. Um bom exemplo é o Carbon Border Adjustment Mechanism, lançado pela União Europeia, este ano.
Segundo a Mckinsey, o papel do mercado regulado de carbono é essencial para viabilizar a jornada que levará à neutralização das emissões. Isso em razão da ajuda que esse mercado poderá fornecer ao identificar as fontes poluidoras e, assim, impor um controle dessas emissões. Enquanto isso, o preço flutuando, de acordo com a demanda e a oferta, auxilia na seleção natural das iniciativas mais favoráveis para a economia.
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A consultoria estima, no entanto, que neste cenário net zero, o preço do crédito de carbono chegue próximo a US$ 200 para cada tCO2 e como forma de propiciar o mercado. Contudo, isso não pode ser encarado como solução definitiva.
Para alcançar o net zero em 2050, será necessário acabar com o desmatamento ilegal, aumentando as práticas de agricultura regenerativa. Será preciso, ainda, criar mecanismos para financiamento de transição. Isso demanda períodos superiores ao ciclo de safra anual.
Controle de emissões no Brasil – muito já pode ser feito
Muitos meios já podem ser usados para o processo de descarbonização começar a ser adotado, até mesmo com ganho econômico. Um bom exemplo disso são as técnicas de manejo sustentável de gado, que levam aos produtores ganhos significativos de produtividade.
Mas, seu implemento abrangente requer um trabalho de conscientização e de capacitação de produtores. Além disso, é necessário disponibilizar mecanismos de financiamento de projetos.
Como resultado das ações descritas, deve haver um aumento do PIB de US$ 17 bilhões, a ser alcançado em 2041, segundo a McKinsey. Além disso, há uma estimativa de se criar cerca de 1,1 milhão de empregos.
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Mais um cenário ambicioso para o controle de emissões no Brasil
Trata-se do cenário conhecido como “All green”, ou seja, o Brasil se tornaria um país de carbono negativo. É a possibilidade de absorver mais do que emitir. Caso, as ações necessárias para se chegar ao net zero ocorram o mais cedo possível, conforme a estimativa, será preciso investir em torno de US$ 165 bilhões anuais como estímulo à economia verde.
Dessa forma, todo o recurso financeiro investido deve ser usado para reflorestar cerca de 36 milhões de hectares. Será necessário, ainda, restabelecer mais 38 milhões de hectares, além de investir em técnicas que aumentem a produtividade rural.
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Há, também, uma previsão de adoção maior de veículos elétricos. Dessa maneira, poderíamos alcançar o saldo líquido negativo de 1,7 GtCO2 e. Assim, espera-se o acréscimo no PIB de US$ 37 bilhões, com auge em 2042, e 2,5 milhões de empregos novos. É um trabalho e tanto, que requer a colaboração de todos.
Agora que você já sabe que é preciso investir US$ 80 bilhões ao ano para controle de emissões no Brasil, continue navegando por nosso blog!
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